Guilherme Taveira Pinto, cidadão português, terá intermediado a venda de armas de Espanha a Angola, num valor de 153 milhões de euros. Mas 100 milhões desapareceram e ao destino só chegou metade da mercadoria. É procurado pela Interpol. Vive em Luanda sob protecção do regime de José Eduardo dos Santos.
O diário espanhol El Mundo faz hoje manchete com o caso de um fugitivo português à justiça espanhola, procurado pela Interpol, acusado de um desfalque de dezenas de milhões de euros, que o jornal descobriu em Luanda, protegido pelas autoridades angolanas.
O El Mundo garante que encontrou o português de 62 anos, que também tem passaporte angolano, em Luanda, “onde vive tranquilo, sabendo que não o irão deportar”, e publica na primeira página do jornal uma fotografia do fugitivo numa rua da capital angolana.
O diário explica que o português era um “agente local” em Luanda da empresa pública responsável por todos os comércios de armas em Espanha, Defex, embora vivesse em Lisboa, quando esta realizou um negócio “ruinoso” em Angola para os cofres públicos espanhóis.
Espanha devia ter vendido armas à polícia de Luanda por 153 milhões, “mas aproximadamente 100 milhões desapareceram e só chegou ao destino metade da mercadoria”.
O papel do português terá sido o de “contactar com as pessoas adequadas” em Angola para conseguir a adjudicação do contrato, mas teria também tido um papel essencial na distribuição dos alegados subornos, que estão a ser investigados pela justiça espanhola.
Segundo as fontes do El Mundo, o fugitivo era “o homem para tudo” das empresas espanholas que tinham negócios em Angola e os seus contactos com “gente do Governo” angolano eram “bem conhecidos”, assim como a boa relação que tinha com o Ministério do Interior espanhol.
O português chegou a ser interrogado pela justiça luxemburguesa, em 12 de Março de 2014, sobre a origem de 41 milhões de euros transferidos de Angola, mas quando a polícia portuguesa o foi deter, em Julho desse ano, na sua casa nos arredores de Lisboa, em Linda-a-Velha, ele já lá não estava.
Nessa altura, foi passada uma ordem internacional de detenção enviada à Interpol (organização internacional de cooperação entre polícias de diferentes países) pelo juiz espanhol responsável pela instrução do caso.
Os jornalistas responsáveis pela investigação do El Mundo tinham alguns indícios sobre a presença do fugitivo em Luanda e enviaram um fotógrafo que o localizou na capital angolana e que tirou as fotografias que publicam, a prova da sua presença na capital angolana.
Para o diário espanhol, o português vive em Luanda desde que saiu apressadamente de Portugal e não teme a possibilidade de extradição, visto que Angola não tem assinado um convénio de extradição com Espanha.
Fonte: Lusa